No silêncio do meu quarto, fecho os olhos para que o sono
venha e me abrace, me levando para longe dessas águas turbulentas. São três
horas da manhã, e continuo a rolar na cama, escondendo-me nos lençóis, com
minha cabeça embaixo do travesseiro, tentando esvaziar minha mente para que eu
possa dormir. Mas é impossível.
Não há como minha mente não ficar pensando em mil e uma
coisas simultaneamente, e nem ao menos tenho o sono ou a companhia de Dan para
afastar meus medos. Sentando-me na minha cama, desistindo de esperar pelo sono
encaro o quarto à minha volta. Está tudo escuro, e me vejo tentada a descer as
escadas.
No entanto, não sei se estou preparada para mais um dos
meus encontros noturnos com Dan. Eles nunca tiveram bons resultados. E muito
menos agora seria diferente.
É incrível que a neve ainda continue a cair no seu ritmo
tranqüilo enquanto toda a minha vida parece desmoronar em alta velocidade.
Contemplo a noite pela janela do meu quarto, vendo um novo mundo que eu sonhara
tanto em conhecer, mas em diferentes situações.
Eu não sei se serei capaz de voltar à vida que agora meus
pais me propõem. Faculdade, antigos amigos de escola, até mesmo Marcelo,
parecem tão pouco frente à intensidade do que eu vivi com Dan.
Afasto esses pensamentos da minha mente. É como se eu me
despedisse de Dan. Mas mesmo não tendo o perdoado, não estou pronta para vê-lo
sair da minha vida, quando ele se tornou a parte mais importante dela. O meu
oxigênio.
Como uma resposta aos meus pensamentos, olhando para
baixo, para onde os flocos de neve se depositam, pintando o chão num branco
imaculado, diviso Dan saindo da casa, e antes mesmo que eu possa entender o que
ele está fazendo, me percebo chorando novamente.
Ele carrega as suas duas malas, se dirigindo ao carro
decididamente, sem nem ao menos olhar para trás. A minha consciência, a antiga
Manuela que ganhara força dentro de mim, acreditando que sua vida de sonhos
seria recomeçada de onde parara, grita para que eu pare. Mas a Manuela que surgira desde o meu
aniversário de dezessete anos, que fora alimentada pelo meu amor por Dan,
embora enfraquecida, no seu leito de morte, tem seu último sopro de vida, antes
de desfalecer, fazendo-me descer as escadas correndo, sem me importar que eu
esteja vestindo ainda a mesma roupa, e calçando apenas uma sandália.
Eu encontro meus pais subindo as escadas, curiosos com minha
aflição ao descê-las. O olhar da minha mãe parece ter compreendido minhas
razões, embora meu pai permaneça em dúvida.
__Mãe, para onde o Dan está indo?! __Pergunto sem fôlego.
__Filha... __Meu pai inicia com um sorriso satisfeito.
__Nós vamos derrotar o Silas. Conseguimos contatar meus novos aliados que darão
todo o suporte para Dan conseguir executá-lo. Ficaremos livres e poderemos
voltar para casa.
__O quê?! __Exclamo continuando a descer as escadas enlouquecidamente,
em direção a porta antes que Dan parta. __É muito perigoso. É impossível matar
o Silas.
__É isso que o Dan faz, filha. __Meu pai continua
complacente. __E ele é o melhor no que faz. Vai dar tudo certo.
__Manuela...__Chama minha mãe quando alcanço a porta, não
me importando que o vento frio que entra por ela me faça congelar. __Veja lá o
que você está fazendo.
__Não, mãe. Não me impeça isso. __Choramingo, embora
minhas lágrimas quase virem pedaços de gelo quando percorro a distância até o
carro no qual Dan já entrou. Eu grito o seu nome antes que ele dê a partida,
tremendo, embora eu saiba que não é apenas pelo frio cortante que queima a minha
pele.
__Manuela, o que você está fazendo?! __Dan indaga, saindo
do carro e retirando seu casaco com o qual me envolve, me olhando num misto de
ternura e dor. __Você vai congelar aqui fora. Entre. Volte para os seus pais.
__Por que você está fazendo isso?! Voltando para aquele
pesadelo?! Para matar Silas?! Por quê?! É pelo dinheiro?! Meus pais pagaram
mais cinco milhões de euros para fazer isso?! Você vale muito mais do que esse
dinheiro, Dan! A sua vida vale muito mais.
__A sua vale mais, Manuela. Os seus pais não me pagaram
nada para eu estar fazendo isso. Mas eu tenho que fazê-lo. Eu destruí a sua
antiga vida, os seus sonhos, os seus planos. E ainda confundi a sua cabeça, me
aproveitei da sua fragilidade.
__Você não se aproveitou de nada, Dan! __Insisto não me
importando por estar chorando abertamente. Do que ele está falando?! __Esse foi
o melhor mês da minha vida, Dan! E eu devo a você!
__Manuela, você está confusa. Mas eu já estou conseguindo
reparar os danos que eu cometi na sua vida. Você tem seus pais de volta, e
assim que eu matar o Silas, você poderá voltar à sua cidade, aos seus amigos,
aos seus planos, e ao seu namorado. Ele a ama como você merece, e você o ama
também.
__Dan, pare com esse discurso bondoso. Você não se
importa com nada disso, nem eu. É claro que eu estou feliz por meus pais
estarem vivos. E eu não quero ter que escolher entre a sua vida e a deles. Eu
não conseguiria. Mas, por favor, não faça isso por mim. Eu nunca vou me perdoar
se você morrer por minha culpa. Eu falei tantas besteiras naquele dia, mas
estava chateada. Eu amo você, droga.
__Manuela, você já está se tornando parecida comigo. E eu
não quero isso. Eu já destruí minha vida por minhas próprias escolhas e não vou
permitir que você destrua a sua. Se você ficasse comigo, aconteceria com a sua
mãe o mesmo que aconteceu com a minha, e você levaria essa vida errante e arriscada
que eu levo. E eu nem estaria vivo para chorar no seu túmulo, então ninguém
choraria, como você me disse certo dia. Não é isso o que você quer, nem o que
eu quero. Volte para os seus pais enquanto no seu caminho ainda há volta. Eu
agradeceria se alguém tivesse me dado essa oportunidade antes, e me feito ver
que ela era o melhor a se fazer.
__Dan, e os nossos planos?! __Pergunto com meus dentes
chocando-se entre si, enquanto as lágrimas ainda deixam o vento frio mais
violento contra meu rosto.
__Manuela, eu nunca aproveitei tanto a vida como nesse
último mês. Você me fez ver, ouvir e sentir coisas que eu nunca havia
experimentado. E mais do que isso seria pedir demais de uma vida que eu nunca
respeitei. Mas você, Manuela, você merece ter uma vida maravilhosa, uma vida
que eu não mereço.
__Dan, não fala isso! __Exclamo me abraçando ao seu
pescoço, e segurando seu rosto próximo ao meu. __Se você acha que eu tenho
direito a ser feliz, saiba que eu não mereço o que você está fazendo comigo.
__Manuela, é melhor você ir para dentro. Seus pais devem
estar preocupados, e possivelmente vendo tudo isso. Eu disse que você ainda me
odiaria por ter misturado as coisas. E você estava certa, eu estava sendo o
vilão na sua vida. E eu espero que assim que eu for embora, nada mais vá contra
os seus sonhos, e que todos eles se realizem.
__O meu único sonho será sempre que você esqueça essas
idéias idiotas e volte para mim. Eu espero que ele se realize.
__Manuela, você é a melhor pessoa que eu conheço. É
impossível não amar você. __E então os meus lábios, que já pareciam congelados
pelo frio, se aquecem pelo rápido toque dos seus, os quais se afastam antes que
eu possa realmente beijá-los, quando ele se distancia levando o seu casaco. E
eu sinto que tudo ficará bem e que ele voltará para mim, embora seja difícil
acreditar nisso quando Dan entra no carro me deixando para trás. Porque eu sei
que nada de bom acontece quando estamos separados.
Eu corro para dentro, de volta para as escadas e para o
meu quarto ignorando o olhar furioso e incrédulo do meu pai, que provavelmente
vira tudo, e o ar de reprovação da minha mãe.
__Manuela, pare!__Ordena meu pai enfurecido. __Você pode
me dizer o que foi aquilo?!
__Eu amo o Dan, pai. E estaria com ele agora, se ele me
quisesse.
__Era natural, Agenor. Foi o preço que pagamos por ter
deixado a Manuela com ele. Ela estava fragilizada e se envolveu, mas tudo já
acabou.
__Nada acabou, mãe. Não se depender de mim. E parem de
falar em preço, como se as nossas vidas fossem apenas transações comerciais.
Ele é uma das melhores pessoas que eu conheço. E não é tão diferente de você
mesmo, pai. E eu não sou tão diferente de você, mãe. Eu perdôo vocês, por tudo
o que fizeram. E só faço isso porque seguiram o coração de vocês, os seus
sonhos. E peço que assim como fui benevolente com vocês, vocês sejam comigo, e
aceitem os meus sentimentos. __E então eu corro de volta para minha cama, antes
que a dor me imobilize e me faça gritar.
Duas semanas. Duas semanas fugindo, usando disfarces,
viajando de carro, trem, e aviões particulares, nomes e documentos falsos. Eu
já deveria estar acostumada a isso. Eu passara um mês apenas fugindo, mas sem
Dan, e na expectativa de receber notícias suas, era tudo muito mais
insuportável.
Meus pais pareceram mais tolerantes, com o silêncio
preenchendo nossos momentos juntos, e eu sentia que eles evitavam falar o nome
de Dan na minha presença, como numa tentativa de me poupar de um sofrimento que
já estava alojado em meu peito por todo o tempo, o qual eu me esforçava em não
transparecer.
Dan esteve todas as noites comigo. Nos meus sonhos. Ora
bons, relembrando seus beijos e seu toque, me permitindo sentir até mesmo seu
cheiro. Ora ruins, revendo sua imagem, torturado pelos seguranças de Silas. Não
importava se bons ou ruins, eu sempre acordava chorando, e sem fôlego, me
encolhendo e me abraçando às minhas cobertas.
Eu me impedia de gritar e assustar meus pais, revelando
minha dor, mas se tornava cada vez mais difícil dormir, sem nunca saber o que
me esperava. Algumas vezes, enquanto nós três estávamos juntos, eu via meu pai
se afastar com seu celular e imaginava que fosse Dan se comunicando. Ele sempre
retornava dando olhares cúmplices à minha mãe, mas que sempre pareciam conter
boas notícias.
Era como um bálsamo. E eu sabia que Dan ainda estava
vivo. O meu coração se enchia de esperança, embora eu imaginasse que Dan não
voltaria. Mas não importava, minha única preocupação, todas as horas do meu
dia, era sua segurança. Depois eu me preocuparia em encontrar algum meio de
procurá-lo, ou esperava que a distância estivesse tão insuportável para ele
como estava para mim, o fazendo esquecer nossa discussão e voltar para os meus
braços.
O
silêncio se tornou meu maior companheiro, vivendo das lembranças de Dan, e me vi
cada vez mais afastada dos meus pais. Era estranho tê-los ao meu lado, e eu
sentia quase como se não os conhecesse. Mesmo os amando, percebia que um abismo
havia se aberto entre nós e eu não sabia como atravessá-lo. Temia que tivesse
construído uma barreira no meu coração, impedindo-os de ocupá-lo. Entretanto,
eu sabia que os amava, mas era como se não tivéssemos mais nada em comum,
exceto que nossas vidas, embora ainda existentes, pareciam destruídas.
Eu
os via se esforçarem, tentando me incluir na família que eu acreditara ter
perdido. Mas mesmo com suas companhias, era impossível não me sentir sozinha
sem a presença de Dan. Eles ainda vinham ao meu quarto, falando de como nossa
vida voltaria a ser como fora, mas suas vozes pareciam como ecos distantes. Eu
me angustiava por tratá-los assim, mas todo o meu corpo e minha mente estavam
em estado de alerta, pensando apenas em Dan, todo o tempo.
Era
como se, no final das contas, eu precisasse escolher entre meus pais e Dan. E
percebia que começava a optar por ele. Contudo, me consolava ao acreditar que
se fossem eles na mesma situação, se eu estivesse com Dan sabendo que eles
corriam perigo longe de mim, estaria da mesma forma.
E
me perguntava todas as noites, todos os segundos, por que eu não podia ter
todos ao mesmo tempo. Eu os amava com toda minha força e não me queria ver
separada de nenhum deles. E cada vez mais tinha medo de que a própria vida
decidisse por mim, me tirando um dos dois.
Meu
pai agradece em castelhano á senhora que indica nosso apartamento num pequeno
hotel, numa cidade provinciana na América Central. Eu me surpreendo, me
perguntando como ele pode ter aprendido a falar tão bem.
Segurando
minha mala, a mesma que Dan me dera há tanto tempo, com as mesmas coisas, uma
vez que apenas alguns itens a mais meus pais puderam comprar, me dirijo ao meu
quarto. A viagem fora cansativa, e dormir é tudo que quero, mesmo sabendo que
terei mais um dos meus sonhos. Apenas peço que seja um dos bons, embora eu
saiba que acordarei chorando em desespero da mesma forma.
Mas
antes que eu alcance o quarto vejo meu pai atender ao telefone. Ele se
distancia, no entanto o apartamento é pequeno, me permitindo segui-lo com o
olhar. Meu pai parece apreensivo ao atendê-lo, porém logo sua expressão
angustiada se alivia quando o vejo sorrir abertamente, desligando o celular, e
abraçando minha mãe e a mim emocionado.
Eu
não me impeço de compartilhar um momento de felicidade com meus pais, embora
nem ao menos saiba o motivo. Entretanto vê-los felizes, após tantos dias de
sofrimento e angústia, me faz sorrir em cumplicidade.
__Estamos
livres, minhas princesas. __Meu pai inicia com sua voz entrecortada, e seu
rosto ruborizado em excitação. __Finalmente, o Silas está morto e nunca mais
nos perseguirá. Nós voltaremos para casa. Na verdade, para uma nova casa. Tudo
será como antes.
Eu
continuo a sorrir, mas estremeço antes mesmo de ver o olhar angustiado do meu
pai se dirigir a mim. O meu corpo se contorce de dor, embora eu mal possa
senti-lo. E acredito que antes mesmo de ouvir as palavras apavorantes do meu
pai, o sinto tombar ao chão.
Tudo parece enevoado. O meu corpo está
insuportavelmente pesado, não mais que meu coração, que embora tenha se
despedaçado, dilacerando minha alma, se aperta em meu peito, me fazendo gritar.
O que eu faço, não me importando que meus pais estejam ajoelhados ao meu lado,
implorando que eu me acalme. Eu mal consigo vê-los, em meio às minhas lágrimas,
com minha mente turva. Eu grito, e grito, quando ninguém me parece ouvir. Dan!
Dan! Dan! Você não pode ter me deixado, Dan! Não pode ter morrido, Dan!
Eu
clamo, mas imagino que as palavras não façam mais sentido quando são expelidas
pelos meus lábios trêmulos. Encolho-me no meu abraço, como que segurando meu
corpo para que ele não continue a se fragmentar externamente, como acontece no
meu interior.
Sinto
meu pai me carregar até minha cama e minha mãe me oferecer um copo com água. A
minha vista está escurecida, e eu os identifico apenas por suas vozes ao longe.
Pequenos pontos de luz se apresentam a mim, me permitindo apenas ver o rosto de
Dan. Seu rosto em agonia, enquanto os executores o torturam, tirando-lhe seu
último sopro de vida.
Não!
Não! Não! Exclamo repetidamente. Isso não pode ter acontecido! Não com Dan! É
como se o mundo acabasse, no entanto sua destruição é dentro de mim, com suas
lavas de fogo me corroendo por dentro, me aniquilando lentamente, como se a dor
de todas as pessoas do mundo me afligisse ao mesmo tempo e não houvesse ninguém
para me salvar. Porque Dan não está aqui, ele não está nem ao menos vivo, e eu
sei que falta muito pouco para que todo o arrasamento que ocorre dentro de mim
se espalhe por todo o mundo, por todo o meu mundo.
Eu
me sinto tremer em espasmos de dor, quando meu pai me abraça. É impossível
identificá-lo, mas sinto suas lágrimas se confundindo com as minhas, quando ele
implora para que eu me acalme, que ele está aqui para me salvar.
Tento
dizer para ele que para mim não há mais salvação, mas são apenas sons
aterradores sem sentido que saem da minha boca. Porque não há como me salvar,
uma vez que eu nunca poderei suportar outra dor como essa. E o melhor me parece
desistir.
Se
eu pudesse me matar com uma faca rasgando minha carne, ou uma corda em volta do
meu pescoço me retirando o ar que já me falta entre meus soluços desesperados,
não doeria mais do que agora. Nada me parece pior do que isso.
O
arrependimento pelas palavras que eu dissera, tentando machucá-lo por eu também
estar machucada, e por tê-lo deixado partir apenas me mortifica ainda mais. Eu
ainda posso sentir seu olhar enternecido e magoado encarando os meus. Não devia
ter permitido que ele se fosse. Eu havia prometido que nunca nos separaríamos e
quebrei minhas juras.
Dan
estava perdido, magoado, queria provar a mim, a meus pais, e até a si mesmo,
que era bom. Mas eu não me importava, já sabia que ele era bom sem precisar
passar por isso. Ele acreditava não merecer ser tão feliz, e eu deveria ter lhe
mostrado que tinha esse direito.
A
vida havia sido injusta com ele, por isso nunca a respeitara, e agora ela dava
seu golpe fatal, me tendo como sua cúmplice. Sinto o abraço da minha mãe,
sussurrando meu nome implorativamente com sua voz distante. Dan, Dan, me ouço
balbuciar, quando a minha dor parece menos aguda, se tornando quase amena,
embora eu sinta que ela nunca me abandonará.
Eu
vejo meus pais saírem do quarto, quando pareço me tranqüilizar, ambos dizendo
que tudo ficará bem, pois voltaremos para casa. No entanto, eu tenho certeza de
que nada nunca ficará bem. Porque quando a vida lhe dá golpes tão fortes
repetidamente, você começa a encará-la como alguém terrível, que realmente não
se importa com você. Então por que se importar com ela?
Fecho
os olhos, me abraçando ao meu travesseiro, ainda chorando ao imaginar Dan ao
meu lado. Ainda posso sentir seus lábios, sua respiração agora inexistente
contra minha orelha, arrepiando meus cabelos, no qual posso sentir suas mãos
firmes e suaves.
Ele
também me fizera ver, ouvir, e sentir coisas totalmente novas e maravilhosas, e
eu me arrependo por não ter tido a oportunidade de dizer isso a ele. Dan também
era a melhor pessoa que eu conhecera, uma vez que mesmo tendo passado por tudo
o que passara na sua vida, ainda fora capaz de me amar, e principalmente, de me
deixar amá-lo.
Ele
me fez conhecer uma vida louca e intensa, me mostrando que não vale a pena
viver temendo o amanhã, quando se tem a maravilha do hoje. Porém eu sinto que
nenhum dia será novamente maravilhoso quando sei que Dan não o está vivendo,
compartilhando comigo.
E então sorrio, talvez enlouquecidamente, ao perceber que
Dan conseguira provar que eu estava errada afinal. Porque ele conseguiu, no
final das contas, alguém para lamentar sua morte, encarando-a como a pior coisa
que já lhe aconteceu. Mas nunca imaginei que essa pessoa seria eu mesma e que
tudo aconteceria tão depressa.
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