O
cano da arma contra a minha cabeça é incrivelmente frio. Ao contrário das armas
que Dan costumava usar, ela aparentemente não tem silenciador. Realmente, a
intenção de Silas é assustar todos os homens que se entretêm se divertindo no
térreo. Talvez eles tenham filhos e esposas, e afinal têm sentimentos, pelo
menos medo, a mais humana das sensações.
Eu
não sei se é medo o que sinto. É um misto de raiva e orgulho. A vontade de morrer
com dignidade. Mas deve ser o que Marcelo sente, estarrecido em sua poltrona, olhando
para a arma em minha cabeça com horror, sem pronunciar qualquer palavra, no
entanto sem mais conseguir reprimir suas lágrimas, as quais caem em silêncio.
Eu espero que o libertem depois de me matarem, talvez esse seja meu último
pedido, embora eu não imagine que haverá um.
Encaro
o olhar de Silas. Ele parece calmo, quase entediado, olhando repetidamente para
o seu relógio de pulso. Inclinando minha cabeça, embora seja incômodo com a
arma contra ela, vejo que já passam das quatorze horas. Não imagino como o
tempo possa ter passado tão rápido. Pelo menos eu devo estar interrompendo
algum almoço de negócios de Silas, e isso me parece uma pequena, mas doce
vingança.
__O
que você quer de mim? __Pergunto, não por me importar com o ritmo que a nossa conversa
tomará, mas talvez tentando acabar com o sofrimento de Marcelo que parece
atormentado em seu assento.
__Você
sabe o que eu quero. E nem me venha com a estória que contou para os meus
agentes. Eles gravaram a conversinha de vocês. Patético. Minha parte preferida
é o final, eu não ouço nada, mas suponho que Dan tenha aparecido. Mas isso não
me importa. Não há porque proteger seus pais, eles não protegerão você. Eu
quero saber onde eles estão.
__O
que você me daria em troca?
__Nada
que você pudesse usufruir em vida, infelizmente.
__A
vida dele. __Ofereço olhando para Marcelo que parece distante em seu desespero.
Ele se agita ao me ouvir fazer referência a ele e começa a balbuciar algo que
não posso diferenciar entre um sim ou um não.
__Hum...
__Murmura Silas parecendo subitamente interessado na minha aparente vontade de
colaborar. __Dependendo da importância do que você me disser. Mas temos que analisar,
ele já ouviu e viu muito. Outra coisa?
__A
vida dele ou nada. __Concluo decidida, embora não faça idéia do que vá fazer.
Não tenho nada a dizer, e sou incapaz de inventar qualquer mentira convincente.
Nunca fui muito boa em mentiras, muito menos com uma arma contra minha cabeça.
__Não.
__Marcelo diz com grande dificuldade, com os olhos avermelhados pelas lágrimas.
Seus lábios sempre rosados, agora arroxeados e trêmulos. __Não. Eu não saio... daqui
sem você... Manu.
Eu
sorrio com seu esforço e sua coragem, e me pergunto se realmente mereço tanto
amor e fidelidade. Marcelo. Seu rosto infantil, angelical, jamais tocado pela
dor. Acostumado, assim como eu era há quase um mês, a um mundo perfeito. Sempre
o garoto mais bonito, divertido e inteligente da escola, por quem todas as
garotas suspiravam.
Eu
não mereço seu amor incondicional. A culpa por ser responsável pela sua dor me
atormenta e o que me faltava para me sentir a pior pessoa do mundo já me
repleta. Não sou uma boa pessoa, mas não posso mudar isso.
__Concordo
com o garoto. Quem está com uma arma na cabeça é você, e acho que não tem
qualquer escolha. É melhor você me dizer logo onde estão seus pais.
__Você
já sabe a resposta. Para quê prolongar isso?! Aposto que a sua agenda está
lotada hoje à tarde. __Sorrio encarando seu olhar frio. __E o meu caro amigo
tem um jogo de futebol para assistir. __Já não mais sorrindo, me viro para
Marcelo que me encara assustado, encolhido novamente em sua poltrona. __Eu
sinto muito, Marcelo.
__Não,
pequena. Reservei o meu dia todo para você. Já esperava encontrá-la há alguns
dias e não quero perder nada desse momento especial. Você demorou, mas não
resistiu a ligar para o antigo namorado. E o Orlando pode perder o jogo hoje.
__Afirma acenando a cabeça para o homem que estremece ainda com a arma contra
mim. __Você disse que me contaria algo em troca da vida dele. Então é melhor
começar. __Conclui dando um sinal quase imperceptível a outro empregado, o qual
levanta Marcelo de sua cadeira, e me surpreendo com a facilidade com que
consegue, como se ele não pesasse nada.
Encontro
o olhar de Marcelo, quando o homem o ajoelha no centro da sala, pressionando
uma arma contra sua cabeça, e nele só encontro horror. Eu o vejo começar a
chorar abertamente, sem conseguir nem ao menos apelar por sua vida, e não me
impeço de acompanhá-lo no seu sofrimento.
__Ele
não tem nada a ver com isso! __Exclamo em desespero, com minha voz entrecortada
pelas lágrimas que rolam pela minha face. No entanto, me esforço em recuperar a
calma, o que me parece quase impossível, pois apenas assim poderei negociar com
Silas. __Você conseguirá mais se pedir um resgate, ele não falará nada. Eu
juro!
__O
tempo está passando, criança. O que você tinha a dizer?
__Eu...Eu
menti. Eu só sei que meus pais estão mortos. Eu não sei...__Mas minha resposta
é interrompida por um grito abafado de dor de Marcelo quando o guarda o atinge
com uma coronhada na nuca. Seu corpo tomba ao chão, e um filete de sangue
escorre de sua boca, misturando-se às suas lágrimas que se derramam em
silêncio. __Pare! Pare! __Ouço-me gritar desesperada. __Ele não tem culpa! Pelo
amor de Deus!
__Quem
tem culpa, criança? Não estou procurando culpados, mas respostas. Ainda se
lembra da minha pergunta? Ou eu peço para o Caio perguntar ao seu namorado? Mas
ele não é muito educado como você pôde perceber.
Olho
para a direção de Marcelo e do homem a quem Silas se refere como Caio. Caio
levanta Marcelo novamente à posição original sobre seus joelhos, o qual me olha
num misto de súplica e orgulho ferido. E então eu choro por não poder enxugar
suas lágrimas com meus beijos, e por ter sido sua causadora. Eu choro por tê-lo
traído, quando ele se manteve fiel à minha memória. Choro por não ter me
entregue a ele quando tive a oportunidade. Choro por não ter sido a garota
certa para ele e por estar destruindo sua vida.
Meu
silêncio faz Caio golpear Marcelo novamente, agora com o pé, fazendo-o voltar
ao chão. E a dor que me atinge, me faz me desvencilhar da arma que permanece
contra minha cabeça e correr até ele, embora eu sinta minha respiração falhar.
__Marcelo...
__Sussurro contra seu ouvido. Sua resposta é apenas virar o rosto na minha
direção, sem conseguir se levantar. Eu beijo seu rosto, seus lábios feridos e
acaricio seus cabelos loiros úmidos, como uma mãe desesperada na tentativa de
proteger seu filho. Ouço-o balbuciar “Tudo bem”, mas logo meu corpo é puxado e
sou colocada novamente na minha cadeira, com a arma contra meu rosto.
__Eu
não sei nada sobre meus pais... Não! Por favor!__Exclamo quando Caio chuta o
corpo de Marcelo ainda caído no chão, fazendo-o apenas soltar um som abafado. Eu
não sei o que dizer, mas percebo que apenas uma mentira poderá adiar a tortura
de Marcelo. __Mas eu sei sobre as pessoas que querem derrubar você, Silas.
__Tudo
bem. __Silas murmura para Caio que tenta levantar Marcelo, no entanto ao ver
que este não consegue se levantar, decide deixá-lo deitado. __Vamos ver. O que
você sabe que eu possa ainda não saber?
__No
escritório do meu pai havia alguns cofres.
__Incrível.
Nós o esvaziamos quando ele aparentemente morreu.
__Mas
há um que nunca foi aberto... __Continuo com minha voz falhando.
Silas
parece em dúvida e avalia seus subalternos com o olhar, mas logo recupera sua
confiança.
__Não
é novidade para mim. Exceto se você conseguiu abrir. O que eu duvido.
__É
verdade. __Respondo trêmula, desistindo de contar alguma mentira que apenas
enfurecerá Silas. Não tenho nada de importante para lhe contar, mas não posso
permitir que torturem Marcelo novamente. A arma mais apertada contra meu rosto
me impede de virar e observá-lo, no entanto, não consigo ouvir qualquer som e imagino
que ele permaneça inerte no chão. __Mas eu posso dar possíveis senhas do que
era importante para o meu pai.
__Obrigado
pela oferta generosa, mas como eu disse, conheço seu pai melhor que você e um
dos melhores técnicos de cofres está chegando para abri-lo. É só isso?
Eu
o encaro apavorada. Marcelo nem ainda consegue se levantar, e a idéia de poderem
machucá-lo novamente me aterroriza. No entanto, eles não parecem se importar,
pois ouço outro som abafado vindo de sua direção. Tento me libertar para
impedi-los, contudo Orlando puxa meus cabelos dolorosamente, segurando meu
rosto com força e dizendo que Silas está esperando uma resposta.
__Sobre
Dan! __Exclamo com a voz embargada, enojada comigo mesma, ao ouvir outro som de
Marcelo. __Você quer se vingar dele! E eu sei algumas coisas que podem ajudá-lo.
__Hum...
Por exemplo? __Silas pergunta parecendo quase interessado.
__Eu...
Sobre o passado dele. Quem era antes de ser Dan...__Gaguejo trêmula, pedindo
que meu algoz me mate antes que eu prossiga, no entanto vejo seu aperto
diminuir quando ele começa a prestar atenção em minhas palavras, obrigando-me a
continuar antes que espanquem Marcelo novamente. __Ele matou o pai a facadas
por ter agredido sua mãe, a qual depois se matou. Deve ser fácil encontrar os
registros. Ele devia ter uns doze anos.
__E...__Continuo
quando a sala permanece em silêncio, procurando as palavras que possam distrair
Silas. __Eu sei...__Mas não termino a frase, uma vez que somos subitamente
interrompidos por dois homens que entram pela porta, os quais reconheço como os
porteiros que vigiavam o lado externo da casa quando chegamos, além do outro
que guardava a porta do escritório de Silas. Eles parecem vacilantes por
estarem interrompendo uma sessão importante do seu chefe, o qual os olha
irritado.
Meu
guarda até mesmo relaxa a arma, ainda em meu rosto, me permitindo ver Marcelo
ainda deitado no chão numa posição antálgica, com o rosto sangrando. O silêncio
parece incomodar Silas, que aborrecido exige que justifiquem a inoportuna
interrupção. Um deles, que aparenta poucos anos comparado com os demais, gaguejando
inicia:
__Perdão,
Dr. Silas. Mas um homem surgiu na entrada e exigiu falar com o senhor, dizendo
que era muito importante.
__Quem
seria tão importante para interromper essa reunião que é minha prioridade
absoluta?! __Silas exclama exaltado, fazendo o guarda que falara se encostar
contra a parede, em busca de proteção.
__Eu.
__Ouço uma voz conhecida anunciar, e eu nem mesmo preciso ver quem é para
reconhecer, uma vez que cada célula do meu corpo, principalmente as
responsáveis pela minha freqüência cardíaca, se excitam com seu timbre. No
entanto, mesmo que eu queira, meus olhos não conseguem se distanciar da porta
na qual Dan surge.
Ele
ainda veste a mesma camiseta preta e os jeans escuros da noite anterior, e me
surpreendo por não fazer nem ao menos vinte e quatro horas desde que havíamos
nos separado. Seu olhar não encontra o meu, fixando-se em Silas, e eu me
escondo na proteção do abraço do meu carcereiro, o qual permanece atônito
diante da imagem de Dan.
__Dan.
__Ele completa, embora de alguma maneira, apesar de apenas eu tê-lo visto
anteriormente, todos na sala soubemos disso no momento em que o vimos.
__Ora,
ora. Que prazer finalmente conhecê-lo, após anos de parceria. __Vejo Silas se
levantar, afastando-se da mesa e se dirigindo até Dan, estendendo sua mão. Dan
a cumprimenta relutante, permanecendo parado à porta. __Aceita alguma coisa?
Quer se sentar? Acho que temos negócios não finalizados. __O olhar de Silas me
indica, mas o de Dan não o acompanha, permanecendo fixo nele.
__Eu
realmente vim para conversar. __Dan prossegue parecendo desinteressado. __Os
seus guardas já me revistaram.
__Que
bom. __Silas sorri. __Não queremos brigar, não é?! A Manuela até estava me contando informações
interessantes sobre você, desmistificando a lenda. Quer ouvir?!
__Não,
obrigado. __Diz, e eu me escondo ainda mais em meu assento. Mas a vergonha não
me parece o sentimento mais adequado para a situação. E o encaro gelidamente,
sem conseguir atrair seu olhar. __Mas é sobre ela que vim falar, e
aparentemente sobre seu acompanhante. __Finaliza, dando um olhar de desprezo a
Marcelo que começa a se levantar, com dificuldade.
__Eu
não preciso de porta-voz. __Declaro para Silas.
__Hum...
Ela está ferina, agora. Não gostou muito de ser interrompida, Dan.
__Você
não vai conseguir nada com ela, Silas. Ela não sabe absolutamente nada sobre
isso. O que ela sabe fui eu que contei. Mas eu não contei tudo. Falo o que você
quiser em troca da liberdade dela e do garoto. Não só agora, você vai deixá-la
em paz, e eu posso trabalhar para você, integralmente.
__Dan,
Dan. __Silas sorri se sentando novamente em sua cadeira, parecendo se divertir
com o espetáculo que se desenrola em seu escritório. __É uma proposta
incrivelmente tentadora, mas infelizmente você não está em posição de negociar.
Não pela vida deles. Você já não cumpriu o contrato, já não matou a garota e
agora quer que eu a deixe viva?! Impossível.
__Eu
devolvo o dinheiro da parte dela. Você só está perdendo o seu tempo. Matá-la
agora e torturá-la até contar alguma mentira não vai fazer a mínima diferença.
__Redargúi me ferindo com a frieza de sua comercialização.
__Mas
ela contava informações interessantes. Não sobre os pais dela, mas sobre você,
seus pais. Eu estava gostando.
__E
você acreditou? __Encaro Dan, ele esboça um sorriso sarcástico e eu não sei se
poderei odiá-lo mais do que nesse momento. __Por que eu diria isso a ela?
__Eu
não sei. Pensei que houvesse algum envolvimento amoroso para você tê-la
salvado. Pensei que ela estivesse domesticando você.
__Eu
não sou domesticável, Silas. Você já deveria saber disso. E eu não misturo
trabalho com diversão.
__Está
bem, Dan. Mas ela não é nada feia, tem um rosto ingênuo. E por que quer a
liberdade dela em troca da sua?!
__Cansei
de vida livre, quero dinheiro certo mensalmente, e vou continuar com meus
negócios externos, contanto que nunca se oponham aos seus interesses. Além
disso, espero que minha reputação com meus clientes não seja abalada por não
ter concluído esse trabalho.
__Mas
ela sabe muito, Dan.
__Não
sabe nada.
__E
o que você sabe?!
__O
outro cofre. Eu o abri. Eu sei para quem e o que o Agenor Gonçalves estava
entregando.
O
olhar de Silas se aguça de entusiasmo, o qual ele tenta em vão disfarçar. Dan
está conseguindo o que quer que ele queira, embora seus motivos permaneçam um
mistério para mim.
__Ele
está mentindo. __Ouço-me dizer, surpresa com minhas próprias palavras e minha
falsa segurança ao dizê-las, fazendo Silas me observar espantado. __Ele não
conseguiu abrir o cofre.
__Acho
que ela não quer ser liberta, Dan. __Silas continua sorrindo, mas percebo seu
olhar em dúvida, avaliando a minha expressão e a de Dan, tentando ver quem diz
a verdade, no entanto, nem eu mesma sei. __ Eu não posso libertá-la antes de
ver essas informações.
__Silas,
eu não posso mostrar nada sem antes você libertá-la e me prometer não mais
procurá-la. Além disso, se você não aceitar a troca eu divulgarei as
informações para a polícia e a mídia. E tem muita coisa lá que aposto que você
quer manter em segredo.
__Dan...
__Vejo Silas se levantar de sua poltrona totalmente desprovido da autoconfiança
que ele mantivera por todo o tempo. Suas mãos se contraem em irritação ao
segurarem a borda da mesa. __Por que você já não fez isso?
__Você
é um dos meus maiores clientes, não quero perder a nossa parceria, e não quero
mexer na ordem natural das coisas. A não ser que você me force a isso.
Silas
parece em dúvida ao me avaliar. Sinto a mão vacilante de Marcelo no meu ombro,
eu a seguro e o vejo se sentar na poltrona ao meu lado com o rosto manchado de
sangue e lágrimas, sorrindo para mim, numa tentativa frágil de me passar
confiança. No entanto, volto meu olhar para Silas, que parece mais convencido.
__Dan...
Como você saberá que ela vai estar em segurança?
__Sempre
darei um jeito de saber como ela está.
Um
silêncio incômodo domina a sala fazendo um arrepio percorrer meu corpo.
Continuo a analisar Dan, contudo ele me ignora completamente, fazendo meu
coração se contrair dolorosamente em meu peito.
__Está
feito, Dan. __Cede Silas parecendo satisfeito. __Mas se você estiver mentindo
para mim, eu não serei tolerante.
__Eu
sei. Eu só quero um carro, dinheiro e documentos falsos para eles. E não se
preocupe, me certificarei de que não falarão nada sobre isso.
__Estou
lhe dando um voto de confiança, Dan.
__Eu
agradeço.
E
então me vejo sendo levantada por Orlando que retira a arma do meu rosto, ao
mesmo tempo em que Marcelo, cambaleante, sorri para mim, parecendo aliviado,
como se fosse impossível estar mais feliz. Eu tento sorrir de volta, mas não
consigo. Dou um último olhar a Silas, que já me ignora, olhando interessado
para Dan que se aproxima da poltrona na qual eu ficara.
Por
um segundo, encontro o olhar de Dan, e tenho a sensação de que nunca mais o
encontrarei. E ao contrário do alívio que deveria sentir, uma terrível dor
invade o meu coração, e sinto meus olhos se encherem de lágrimas de apelo e
aflição, embora eu me esforce sem sucesso em manter meu rosto impassível.
Seu
olhar é frio e seguro. Todavia, talvez seja a minha visão anuviada pela dor e
pelas lágrimas, mas acredito ver o mínimo de emoção em seus olhos, só não
consigo definir se raiva ou amargor. E então, sinto Marcelo, recuperado
parcialmente de suas forças, me puxar carinhosamente para a porta, e é apenas
ele que me impede de gritar que eu amo Dan, e que o odeio por ter feito tal
sentimento crescer como um câncer em mim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário